Histórico

A Família Azambuja

O nome Azambuja (ver pesquisa suplementar) deriva do português e é de origem “locativa”, o que significa aqueles que tomaram o nome do lugar de residência. “Os da família Azambuja são descendentes diretos de Fernão Gonçalves de Azambuja, alcaide do povoado de Azambuja em Portugal, os quais foram as primeiras pessoas que atuaram como Lordes do povoado” (The Historical Research Center).

Assim escreveu Jorge G. Felizardo no artigo “O Capitão Francisco Xavier de Azambuja e sua Descendência”:

“Provém o apelido Azambuja, da vila de Azambuja, em Portugal. A vila é cabeça de conselho e fica no distrito e patriarcado de Lisboa, pertencendo à comarca de Cartaseo.
                               ...
“Foi senhor da vila de Azambuja, Fernão Gonçalves que abandonou o apelido Tavares que lhe pertencia por seus avós paternos tomando o de Azambuja, por querer fazer solar na referida vila e dar princípio à nova família...
“Suas armas foram, em campo de ouro, quatro bandas vermelhas; timbre, um meio homem selvagem, coberto de cabelos de ouro e um pau de zambujo[1] às costas, em que pega com ambas as mãos.” 

No Rio Grande do Sul, a família Azambuja inicia-se com Francisco Xavier de Azambuja que veio juntamente com seu irmão Manoel de Azambuja, ambos filhos de Manoel de Azambuja, natural de Ribatejo, Vila de Azambuja, Portugal e de dona Francisca de Oliveira Leite, natural de São Paulo.

O capitão Francisco Xavier de Azambuja era grande proprietário de terras. Primeiramente em Viamão, depois em Taquari e por último em Camaquã. Nascido na cidade de São Paulo, faleceu a 8 de novembro de 1768 em Triunfo. Casou-se o capitão provavelmente em 1740, em Viamão com dona Rita de Menezes (nascida em São Paulo e falecida 1801 em Santa Amaro/RS), Filha de Jerônimo de Ornellas Menezes e Vasconcelos, natural da Ilha da Madeira, e de Dona Lucrécia Leme Barbosa, natural de Guaratinguetá (São Paulo).





[1] zambujeiro ou oliveira brava são árvores da mesma espécie da oliveira, porém com uma diferença: na língua grega, a palavra que designa oliveira diz respeito a uma planta cultivada, tratada. Já quando se refere ao zambujeiro ou oliveira brava, está se referindo a uma planta silvestre ou selvagem!



Do casal Francisco e Rita nasceram doze filhos, dentre eles Antonio Xavier de Azambuja, batizado em Viamão (1755) e falecido em Triunfo (1820). Casou-se em Triunfo com sua prima Dona Juliana Barbosa de Menezes. Deste casamento nasceram dez filhos. Dentre esses, o capitão João Xavier de Azambuja, nascido em Santo Amaro em 1798. Também em Santo Amaro em 1821, casou-se com DONA LAURA ALMEIDA CENTENO e com ela teve 13 filhos:

1) Primórdio Centeno de Azambuja (construtor da Casa do Morro), nascido em 1823 em Santo Amaro. Casou-se com sua prima Juliana Carolina de Azambuja.
2) Rafael Fortunato Xavier de Azambuja – casado com Leocádia Vilanova de Azambuja (mais tarde locatária e proprietária da Casa do Morro).
3) Antonio Xavier de Azambuja Neto (viúvo morou sozinho por longos anos na Casa do Morro).
4) João Xavier de Azambuja Filho.
5) Marcolino Centeno de Azambuja.
6) Josefina Centeno de Azambuja.
7) Bento Manoel de Azambuja.
8) Maria José de Azambuja (primeira filha/1822).
9) Cândida de Azambuja (casada com Henrique Von Reichembach, Barão Von Reichembach, capitão do Exército da Prússia, construtor da Casa do Morro).
10) Maria Tomazia de Azambuja (casada com Cel. Bento Gonçalves da Silva Filho, que tomou parte na Revolução Farroupilha).
11) Teodoro Xavier de Azambuja (nascido em 1832 e falecido em 1833).
12) Bento Gonçalves Xavier de Azambuja.
13) Francisca Centeno de Azambuja - irmã Francisca, da congregação Carmelita.

O Ten. Cel. Primórdio Centeno de Azambuja casou-se com sua prima Juliana Carolina de Azambuja (casamentos entre parentes tinham motivação de posse territorial e/ou poder político, o que não faltava à família Azambuja) e tiveram 5 filhos, segundo registros:

1) Primórdio Centeno Xavier de Azambuja Filho.
2) Juliana Centeno de Azambuja.
3) Maria Altina de Azambuja, casada com o Dr. Rodrigo Vilanova, governador da Província de São Pedro (ver pesquisa suplementar).
4) Francisca de Azambuja.
5) Clarisse Centeno de Azambuja.

Primórdio Centeno de Azambuja serviu à Guarda Nacional sendo dela Tenente Coronel. Latifundiário em Cruzeiro do Sul, nascido em 1823 e falecido em 1898. Quando retornou da Guerra do Paraguai iniciou a construção de sua casa invadida pelas águas do Rio Taquari. Desmanchou-a e levou o material morro acima (temos então a substância histórica de duas casas (a primeira e a Casa do Morro).

Promoveu a colonização de várias linhas coloniais e era proprietário de muitas terras em Lajeado e região.


Determinação

Observou-se que era homem de muita determinação que atribua muito valor a posses territoriais e dinheiro. No capítulo das pesquisas suplementares colocamos uma disputa de terras (de Cristiano Luis Christillino apresentado no XII Encontro Regional de História/Anpuh-Rio de Janeiro) que mostra um exemplo de como funcionava a propriedade territorial brasileira e neste exemplo de disputa longa e exaustiva, está Primórdio Centeno de Azambuja. Ele não desistiu por 10 anos (1860 a 1870 em Taquari) de uma disputa de terras com dona Maria José Sampaio Ribeiro Teixeira. Por vezes utilizou-se de meios não muito claros...

Gostava de ostentar poder e dinheiro. Sua Casa no Morro possuía tantas portas e janelas para revelar posses e poder.

Também comprou ou ganhou (por razões de poder e política) suas patentes militares da Guarda Nacional. Nada revela que fosse militar do Exército, mas sim da Guarda Nacional. Uma espécie de milícia de poderosos ligada ao Ministério da Justiça.

Os Azambuja tinham poder e posses e casavam-se com pessoas que também possuíam posses. Duas irmãs de Primórdio casaram-se com homens importantes: Cândida de Azambuja casou-se com o Barão Von Reichembach e Maria Tomázia De Azambuja casou-se com Bento Gonçalves da Silva Filho. Sua filha Maria Altina de Azambuja casou-se com o vereador Rodrigo Vilanova que foi também presidente da Província de São Pedro.

Cidade de Cruzeiro do Sul

A origem nos diz que Cruzeiro do Sul nasceu de uma grande área de terra com início no Arroio Sampaio fazendo limite com o Arroio Moinhos, à margem direita do Rio Taquari, extensão de terras que era denominada de Fazenda São Gabriel, cuja a sede (primeira casa dos Azambuja) era onde hoje é o prédio da prefeitura. A proprietária era a viúva Laura Centeno de Azambuja considerada como fundadora da cidade.

O primeiro nome de Cruzeiro do Sul foi São Gabriel da Estrela e o povoado iniciou-se com o cumprimento de uma promessa quando Laura Centeno de Azambuja doa um terreno para a construção da capela São Gabriel Arcanjo. A promessa consistia em doar o terreno se cinco de seus 13 filhos voltassem da Guerra do Paraguai. No dia 24 de julho de 1887, assinada por D.Sebastião Dias Laranjeira, bispo de São Pedro de Rio Grande, é dada a autorização para a construção.

Dona Laura faleceu em 27 de junho de 1887 sendo sepultada na capela.

A igreja matriz de Cruzeiro foi construída em 1927 no mesmo local e, segundo consta em documentos e pesquisas, conserva a lápide de Dona Laura.

Os descendentes de dona Laura continuam trabalhando pelo desenvolvimento e progresso do povoado. Em 1892 doaram também um terreno para a construção de um cemitério.

Em 1889 o agrimensor Guilherme H. Rochett Fe um levantamento com medições e plantas, o que deu início à urbanização da vila.

Pelo ato nº 1006, de 12 de agosto de 1922, assinado pelo intendente municipal João Batista de Mello, foi criado o 6º Distrito de Lajeado.

A mudança de nome de São Gabriel da Estrela para Cruzeiro do Sul veio com o decreto nº 7842, de 29 de Fevereiro de 1940.

No período do governo discricionário por imposição passou a chamar-se Setembrina.

Em 16 de abril de 1949, por decreto do prefeito Hugo Oscar Spohr- Lei Municipal nº 99- passou a chamar-se novamente Cruzeiro do Sul.

Em 1963 foi realizado um plebiscito que consultava sobre a emancipação do distrito.Foram 1609 “sim” e 331 “não”.

Em 8 de março de 1964 realizou-se a primeira eleição municipal quando venceu o senhor Emílio Treter Sobrinho e Rubens Feldens.

Em 1º de fevereiro de 1983 a prefeitura foi assumida primeira mulher : Iris Altmayer Ranck, tendo como vice Silton Erico Weind.

Hoje Cruzeiro do Sul localiza-se no baixo Taquari, limitada por:

Ao norte com Lajeado e Santa Clara do Sul
Ao oeste com Estrela e Bom Retiro
Ao sul com Venâncio Aires
Ao oeste com mato Leitão.
Possui 12.666 habitante.
Economia
Sua atividade principal é a agropecuária. Destacando-se ainda:
Produção de milho, mandioca, arroz irrigado, fumo, erva-mate, trigo e avicultura (corte e poedeira), suinocultura e gado leiteiro.
A indústria também tem significado relevante:
Alimento (chocolate, balas e bolachas)
Calçados
Metalurgia
Olarias
Beneficiamento de Erva-mate
A Administração Pública Atual

PREFEITO:
VICE PREFEITO:
RUDIMAR MÜLLER
JOSÉ IRAN MARIA
SECRETÁRIA DE SAÚDE:
SECRETÁRIO DE AGRICULTURA:
ANELI MARIA FERNANDES HENDLER
HUMBERTO PERSCH
SECRETÁRIA DE PLANEJAMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO E TURISMO:
SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO E CULTURA:
ADRIANA ISABEL SCHOSSLER
REGINA IZABEL LEITE
SECRETÁRIO DAS ESTRADAS:
SECRETÁRIA DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS:
VOLMIR ALOISIO DULLIUS
ALINE RODRIGUES FLORES
SECRETÁRIO DE OBRAS:
SECRETÁRIO DE HABITAÇÃO E ASSISTÊNCIA SOCIAL:
FLÁVIO ANTONIO SCHOSSLER
FÁBEL DUARTE MORENO

A Casa do Morro Historicamente no Túnel do Tempo...

Mandada construir em 1873 pelo Ten. Cel. Primórdio Centeno de Azambuja, com auxílio do engenheiro/agrimensor Henrique Von Reichenbach, Martinez e outros, a Casa do Morro, cartão postal do município de Cruzeiro do Sul, situa-se na encosta do morro, na Rua Presidente Juscelino Kubitschek, confrontando-se com o prolongamento da Rua São João. De estilo arquitetônico neo-clássico e barroco, revelam suas aberturas, em demasia para a época, que o proprietário era homem de posses.

Voltando na história, consta que, com a eclosão da Guerra do Paraguai (1864-1870/Guerra da Tríplice Aliança – ver pesquisa suplementar), cinco filhos e um genro da viúva Laura Centeno de Azambuja, dentre eles Primórdio, foram para a batalha como voluntários da pátria.

Dona Laura prometeu então que, caso voltassem todos vivos, doaria uma área para construção da capela e de um cemitério, o que ocorreu efetivamente, dando origem ao povoado de São Gabriel da Estrela, hoje Cruzeiro do Sul.

Quando retornou da guerra com uma significativa recompensa, o Ten. Cel. Primórdio iniciou a construção de uma grande casa ao lado da de sua mãe (1872). No ano seguinte, a grande enchente de outubro cobriu a casa ainda em construção, arruinando-a quase que totalmente.

Muito sensibilizado com a destruição de sua casa, resolveu construir outra no morro para que nunca mais fosse vítima de uma enchente. Iniciou a construção 1873 e terminou em 1878, sendo o conjunto de sete arcos terminado no período da Proclamação da República.

Em 11 de Maio de 1898 Primórdio Centeno de Azambuja veio a falecer. A casa foi alugada então para Leocádia Vilanova de Azambuja (casada com Fortunato Xavier de Azambuja, irmão de Primórdio) para que esta residisse com seus nove filhos, pagando um aluguel de 20$000 (vinte mil réis) aos herdeiros de Primórdio. Em 1901 a casa foi a leilão, sendo arrematada por Dona Leocádia.

Até 1914 a Casa do Morro esteve sob os cuidados de Rafael Fortunato Xavier de Azambuja e depois foi ocupada por inquilinos sem que houvesse investimentos e/ou melhorias no prédio.

A casa foi então abandonada. Virou hospedaria para animais, o que trouxe a idéia de ser mal assombrada. Segundo Schierholt, quando as pessoas aproximavam-se da casa os animais saíam correndo e fazendo barulho. Daí o imaginário popular acreditar que ali havia fantasmas.

Já pertenceu ao município de Lajeado antes da emancipação de Cruzeiro do Sul. Na reunião de 18 de outubro de 1965 o então vereador José Manoel Ruschel propôs a desapropriação do imóvel para ser propriedade do município de Cruzeiro, o que foi aprovado.

Por algum tempo depois abrigou um restaurante que ao adaptar as dependências ao uso, degradou a substância histórica com remoções e adições. Mais tarde abrigou o Museu e a Biblioteca municipais.

Fechada ao público desde 2003 se constitui hoje em abrigo de anônimos, o que a degrada ainda mais. Colocam fogo, riscam paredes e saqueiam pequenas partes do prédio.

Em 1992, a Casa do Morro é declarada de “interesse público”, para fins de inscrição no patrimônio cultural do município. Em 27 de Dezembro de 2006, através do Decreto municipal nº 417-02/2006, ocorre o tombamento definitivo da casa.

Em dezembro de 2009 ocorreu a assinatura do contrato com a empresa TS Mello de Restaurações para a execução de pesquisas em várias áreas visando a restauração e a revitalização da Casa do Morro.


Cruzeiro do Sul - Vale do Taquari/RS


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